sábado, 7 de novembro de 2009

A Primeira Termas a Gente Nunca Esquece...



Éramos jovens, eu, o mais novo, tinha 18 anos e o mais velho pouco mais que 22.
Morávamos em uma republica, seis jovens bem empregados cuja única responsabilidade era curar a ressaca para beber novamente.

Neste quadro começa a nossa aventura quase, eu disse quase, sexual. Estávamos todos em férias. Dois de nós haviam viajado para o Rio, um viajaria naquela fatídica noite e eu e mais dois viajaríamos em mais dois dias. Saímos para deixar nosso amigo no aeroporto e antes resolvemos fazer um citytour por todos os bares da região metropolitana de Recife.

Depois de visitar alguns bares, fomos ao aeroporto e no caminho deu-se um fato inusitado. Nosso carro, digo nosso porque ele pertencia aos seis integrantes da república – dos quais quatro mal sabiam dirigir - era um Passat ano 1976 (ou coisa assim), aquele modelo com farol redondo. Bem , o fato é que o Passat, carinhosamente chamado de Dragmaster por causa de sua aparência ferruginosa, possuía apenas duas marchas – uma para a frente e outra para trás. Paramos no sinal e ao nosso lado encostou uma D-20, o que havia de melhor na época, que com uma pisada no acelerador fez tremer o Dragmaster. Nosso piloto não se intimidou, acelerou o mais forte que pode o velho motor do Passat que fez uma subir gigantesca nuvem preta com uma mistura de óleo e combustível. O sinal abriu, nós arrancamos e inacreditavelmente chegamos ao outro sinal, 500 metros à frente, junto com a D-20. Àquela altura, o motorista da caminhonete estava furioso. Como poderia aquele Passat velho e enferrujado ganhar do melhor motor da categoria? Em nova tentativa, aceleramos nós e a D-20, o sinal abriu nosso piloto acelerou fundo, sacudiu violentamente o câmbio bêbado do Dragmaster, escolheu a marcha e nós partimos a toda velocidade que o velho Passat poderia desenvolver, com apenas uma ressalva, saímos de ré!

Refeitos do susto, deixamos nosso amigo no embarque e voltamos à nossa epopéia etílica. Depois de muito bebereh alguém teve a maravilhosa idéia: - Vamos pra uma termas ver umas putas – disse um dos bêbados. – Vamos! - responderam os outros bêbados. E assim fomos, três bêbados e um objetivo: uma noitada de sacanagem com as putas da termas.

Sem saber onde havia uma termas, paramos num posto e fomos instruídos pelo frentista a seguir em frente e observar um prédio branco em frente ao banco 24 horas. Ali era o local da orgia. Chegamos ao local, escondemos o Dragmaster no estacionamento, subimos uma escadaria e logo estávamos às portas da termas. O nome do lugar era “Apolo”. Achamos de extremo mal gosto, mas o que interessava naquele momento eram as mulheres e a sacanagem.

Fomos atendidos por uma bichinha trajando uma mini-blusa e um shortinho de lycra todo enfiado na bunda. Fomos ao local apropriado, trocamos de roupa e vestimos umas toalhas. Pedimos uma carteira de cigarro (o detalhe é que ninguém fumava, mas havia uma teoria de que o cigarro atrairia as putas) e três doses de uísque. Enquanto trocávamos de roupa, um de nós observou uma fila que se formara no banco 24 horas e no mais irreverente espírito de bêbado começou a gritar para as pessoas da fila: Aê, Aê galera, daqui a pouco vou comer gente! Vou me dar bem! Vai ser a maior sacanagem.... – Gritava isso e outras barbaridades. O pessoal da fila olhava aquilo espantado e sem entender. Três jovens, de toalha, bebendo e fumando, em cima de uma placa “Apolo” e gritando para a rua.

Dentro da termas, procurávamos a mulherada e nada. Toda vez que encontrávamos a bichinha , nosso mais afoito amigo esfregava freneticamente as mão e perguntava: - Chefe, cadê a meninada? – Tá por aí amor, procure. Respondia o atendente. E nós procurávamos. Entramos em um corredor com várias portas, todas com umas luzes vermelhas acesas. – Porra, as putas tão tudo ocupadas! Reclamou um dos bêbados. – Porra nenhuma, lavou tá novo. E concordamos em procurar alguma desocupada.

Entramos na sauna seca, nada de mulheres e ainda por cima lotada de marmanjos todos de toalhinha e olhando pra gente, não bastasse o calor infernal e o cheiro forte de eucalipto. Eu que nunca havia estado numa sauna me sentira dentro de uma garrafa de pinho-sol. O Próximo passo foi a sauna à vapor. A mesma garrafa de pinho-sol, o mesmo calor infernal, um vapor sufocante e a mesma marmanjada olhando pra gente. Não havia jeito, andávamos e nada de mulher. Meu amigo esfregava as mãos e dizia pra bichinha: - Chefe cadê a meninada? A resposta já conhecíamos: - Procurem, estão por aí... Descemos uma escada giratória e chegamos a um “american bar” todo em veludo vermelho, absolutamente escuro e com apenas uma luz negra acesa sobre o balcão. Rodeando os cantos do bar, havia uns sofás de dois lugares também em veludo, que julgamos ser um local de abate e sacanagem. Só havia um problema, nada de mulher.

Já exaustos de tanto andar, procuramos a bichinha para saber de fato onde estavam as mulheres da sauna. Ele, ou ela, nos recebeu com a seguinte pergunta: - Mulher? Isso aqui é uma sauna GAY, meus amores!

Até hoje esta frase ecoa nos meus ouvidos: "Isso é uma sauna GAY, meus amores". Realmente esta primeira vez não dá para esquecer.


Onaireves, Onaireves...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aparição...



Onaireves, Onaireves...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Presença de Espírito II





Paulo Cachaça era bom malandro. Carioca, nascido e criado no samba, versava de improviso e tocava um cavaco como poucos. Faltava-lhe o terno de linho branco, a camisa listrada de branco e vermelho, o chapéu Panamá e a navalha para a perfeita encarnação da boa malandragem carioca.

Mas nem só de malandragem vivia nosso protagonista. Depois de casado e com três filhos para sustentar, ele arranjou um emprego com carteira assinada que acabou por lavá-lo a residir em São Salvador, capital baiana.

Como bom malandro, Paulo Cachaça adaptou-se rápido. Enturmou-se com a fina flor da malandragem soteropolitana e ganhou as ruas da capital. Vivia na noitada, tomava toda cachaça que podia, saia com todas as mulheres que cruzavam seu caminho. Era um boêmio de marca maior. Tudo isso contribuía para o desespero de Jurema, sua dedicada e paciente esposa.

Jurema era daquelas mulatas de parar qualquer desfile de escola de samba, descendia da mais pura linhagem de passistas e porta-bandeiras dos morros do Rio de Janeiro. Filha mais velha de uma família de cinco mulheres, todas tão lindas quanto ela, casara-se com Paulo Cachaça, provavelmente enfeitiçada por um de suas declarações de amor em forma de sambas, e vivia com o dito cujo já há cinco anos em Salvador. Onde a vida lhe reservara momentos de alegria alternados com alguns de aflição com a vida de boêmio que o Cachaça levava.

Jurema, que arrumara um emprego fora para ajudar no orçamento da casa, trouxe para morar com a família sua irmã mais nova, que ajudaria a cuidar das crianças enquanto Jurema fosse trabalhar. A irmã mais nova era Jussara ou simplesmente Sarinha como era conhecida naquela época, início dos anos 80, às portas dos Bailes da Furacão 2000, que ela freqüentava. Se Jurema já era linda, Sarinha era um colosso. A morena jambo de 1,75 de um corpo que nenhum escultor famoso, jamais poderia tornear. Parecia coisa do “Tinhoso”. Cabelos nos ombros, seios tipo Sapatos-de-Gênio (daqueles que os mamilos apontam para o céu), cintura fina, um par de coxas de acrobata com os pelos, ou melhor, penugem descolorida e finalmente um par de nádegas, que davam a nítida impressão de pertencerem a pelo menos duas mulheres. E têm mais, era safadinha, adorava uma sacanagem e a despeito dos seus dezesseis anos, era extremamente boa de cama – Um furacão.

Paulo Cachaça não via a cunhada há mais de cinco anos, quando ele saiu do Rio para morar em Salvador ela não passava de uma menininha. Cachaça saiu de casa para buscar a cunhada na rodoviária com a Jurema e não acreditou no que presenciara, como a Sarinha havia crescido. – Como ela estava gostosa! – pensou o malandro.

A partir deste dia, o sujeito não tinha mais sossego, quando mais ele olhava e babava, mais a morena se insinuava. A tarde, após o banho, ela saía enrolada numa toalha, que mais parecia de rosto, dado o volume das ancas da tentadora cunhada.

A noite, após o banho, ela vestida em uma finíssima camisola, que deixava transparecer a minúscula calcinha branca de renda e os generosos seios cobertos apenas pela marca branca do sol em sua pele morena, sentava estrategicamente em frente ao Cachaça e começava o ritual de passar creme hidratante no corpo.

Presenciando este ritual, Rex, o cachorro da família, agarrou-se com uma das pernas de morena e com o pinto em riste, começou a se esfregar freneticamente na tentativa de um cruzamento. – Paulo, bota esse vira-latas safado pra fora, meu Deus que vergonha! Gritava Jurema encabulada com o tesão reprimido do cachorro. O Cachaça que não é bobo nem nada cumpriu com pesar as ordens da patroa e confidenciou ao seu melhor amigo: - esquenta não Rex, eu tava doido pra fazer a mesma coisa.

Este jogo de sedução durou até o dia em que, depois de tanto tentar Paulo Cachaça consegue seu objetivo. Trocou uns amassos com Sarinha, enquanto Jurema trabalhava e marcou com a cunhada a noite no quarto dela para proceder o abate.

Tudo combinado, Paulo e Jurema na cama. Ele finge estar com sono, vira de lado e fica aguardando o momento certo. Quando percebe que a esposa dormira, ele se levanta de leve, como se possível retirar da cama um músculo de cada vez. Sai de fininho do quarto e encaminha-se para o quarto de Sarinha, pensando que estava prestes a soborear o néctar dos deuses, o manjar dos manjares.

Paulo Cachaça chega ao quarto da cunhada. Ela estava deitada de bruços, com uma fina camisola deixando ver sua enorme bunda durinha coberta por uma calcinha branca modelo asa delta. Paulo aproximou-se ela virou-se para ele. Ele a beijou docemente e sentiu os mamilos duros roçando em seu peito. Ele levantou suavemente a camisola, tirou-lhe a calcinha e quando estava preparado para sentir o cheiro exalado dos pelos pubianos de Sarinha...

- Paulo! Que pouca vergonha é essa? Jurema, gritava ao mesmo tempo que chorava, chocada com mais uma proeza do marido. Cachaça, pego com a boca literalmente na botija da cunhada pensou rápido e simulou um misto de ataque epiléptico com ataque cardíaco e caiu no chão babando, espumando, se contorcendo, olhos virados para trás, língua enrolada e imaginando como seria o desfecho desta situação.

A simulação de ataque permaneceu até que Jurema assustada resolveu chamar uma ambulância, já acreditando no ataque do malandro. Quando os enfermeiros chegaram e viram o sujeito no chão seminu, se contorcendo e babando partiram para os primeiros socorros. Paulo, com medo de ser desmascarado, reagia com tanta força à ação dos enfermeiros, que um deles comentou: deve Ter baixado um santo. Eram as palavras mágicas, os sinos do céu dobravam para salvar a alma do Cachaça. A solução perfeita: baixou um “cabôco”. Tomado pela chance que a vida lhe ofertara, Cachaça levantou-se, deu a risada mais satânica que poderia, olhou para todos na sala e começou a gritar com todas as suas forças: - Eu sou o diabo! Eu sou o diabo! Virou a mesa, quebrou uns dois quadros e fingiu um desmaio.

Carregado para a cama e bem acomodado pela dedicada esposa, Paulo acorda, vira para Jurema e com a voz de um cordeirinho pergunta: - O que houve meu amor? Jurema explicou a situação e Cachaça negou veementemente lembrar-se de algo.

A partir do ocorrido, Sarinha foi mandada de volta ao Rio de Janeiro e o Paulo Cachaça passou por todos os tratamentos espirituais conhecidos, de Umbanda e Candomblé a Kardec passando por Budismo e Protestantismo. Tudo foi tentado para evitar uma nova possessão. Cachaça, que não podia dar o braço a torcer, aceitava tudo pacientemente. De vez em quando ele olha para o lado e diz algumas palavras sem nexo para chamar a atenção de Jurema, que logo pergunta: - Você falou com quem? Eu? – indagava ele com ar de surpresa. E assim eles viveram felizes para sempre: ele achando que ela acreditou e ela fingindo que acreditava.


Oaireves, Onaireves...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Ôxe! Tu num é Nilto não, é?"




Domingão, lá estava eu, recém separado, dividindo o aluguel de uma casa com meu amigo, o Bisonho. O Bisonho é daqueles caras que merecem o apelido que tem. Tão atrapalhado que o sujeito é. Bom, o fato é que o cidadão tocava em grupo de pagode, febre no início dos anos 90, chamado Art2000. Este grupo por si só já mereceria vários capítulos do livro, mas vamos aos fatos.

O Grupo Art2000 fazia apresentações aos domingos num local nem um pouco familiar conhecido pelo singelo nome de “Gosto Gostoso”. Era uma casa com o quintal coberto por telhas de amianto e zinco, o que lhe conferia um clima agradável de forno de padaria na temperatura máxima, e com paredes forradas com aquelas folhas vermelhas do tipo tapume de construção. Nesse pitoresco e adorável lugar, vários artistas da cena local alternavam-se em um verdadeiro desfile de preciosidades da Música Popular Brasileira. Estavam sempre por lá: Aborto do Cavaco, Grupo Trassamba (que eles escreviam com um “s” só) entre outros, além do não menos famoso Art2000. Era uma festa, todos eles cantavam “Neguinha cafungada do negão é um POBREMA”. Mas, era ali que eu procurava uma moça de família para realizar uma caridade sexual e me tirar do sufoco.

De novo do início, domingão, lá estava eu na maior concentração de empregadas domésticas por metro quadrado do Recife, procurando uma irmã de caridade que pudesse me ajudar a satisfazer minha necessidade sexual. Ao longe, observei outro amigo conhecido como Primo. Cabe aqui um parênteses (O Primo é daqueles que não leva em consideração mais nada a não ser fato da dita cuja ser mulher, para que ele possa se atracar com a cidadã). O Primo estava beijando uma baranga tão feia que a gente não sabia se era um amasso ou uma briga. A desgraçada era tão feia que a gente tinha mandar ela cuspir para saber onde era o rosto.

Logo após a peleja e marcar a saída com a baranga pra depois, o Primo veio à minha mesa. Ficamos ali bebendo umas e olhando umas mocréias, quando eu resolvi ir ao banheiro me livrar de algumas das cervas consumidas. No caminho de volta eu não sabia se eu havia mijado no banheiro ou se o banheiro havia mijado em mim, quando fui interpelado por uma jovem senhora dos seus 45 anos, trajando um mini conjunto de short e blusa em couro preto. A roupa estava tão apertada que a moça quase não respirava. Esta doçura, mistura de Dercy Gonçalves com Rita Cadilac, olhou-me singelamente e referindo-se ao meu brinco, disse: - Adorei essa argola na sua orelha, eu tenho nos bicos dos seios, nos grandes lábios e tenho uma especial na bundinha quer ver? Depois desta frase angelical, eu sem fala afastei-me de leve. Ao chegar à mesa relatei o fato ao Primo que imediatamente partiu em direção à moça das argolas. Fiquei só.

Enquanto estava ali, escolhendo uma vítima vi ao longe uma loira. Era uma baixinha com a bunda enorme e um cabelo oxigenado até o meio da cintura. Todos os homens presentes cortejavam a loira e nada. Os músicos dos grupos davam em cima da loira e nada. Até o garçom dava em cima e loira nem dava bola. Ela se fazendo de gostosa dava bola pra todo mundo, mas não ficava com ninguém. Ao final da noite, a loira percebendo que eu tinha sido o único a não tentar agarrá-la veio a mim e disse: Você foi o único que não me cantou, não gostou de mim? – Não tentei pois não sou digno de sua beleza. Respondi. No minuto seguinte estávamos aos beijos e a loira foi parar lá no meu apê.

Ao chegarmos no apê a loira correu pra cama deu uma cambalhota e se alojou de camisola tão à vontade que eu tive a sensação de que ela era profissional do sexo. Começamos as preliminares e coisa e tal e de repente a dita estava na posição cachorrinho e eu tentava iniciar um sexo anal. A loira gritou: - aí não! Eu nunca fiz assim. - Que nada, retruquei. - Sexo é igual Neston, há mil e uma maneiras de fazer. Depois de muito tentar ela liberou. E minha surpresa só não foi maior que o buraco que encontrei. Enquanto eu tentava me encontrar na imensidão anal a loira gritava :Vai! Me rasga! Me rasga! Como se eu pudesse ou tivesse alguma coisa mais para rasgar. Ela prosseguia : Vai Nilton! Vai Nilton ! Me rasga! Eu meio sem entender direito, até que me esforçava, mas a ausência de atrito entre meu órgão genital e as paredes do ânus da moça (moça?) não me permitiam fazer muita coisa. Humildemente me dirigi a loira e perguntei: - Ei, que porra é essa de Nilton? Para minha surpresa com uma delicadeza e linguajar rebuscado ela disse: Oxê, tu não é Nilton não, é?

Após uma longa noite de sexo feroz sendo chamado por outro nome, eu dormi e ao acordar minha surpresa só foi maior que a feiura da loira. À luz do dia pude perceber que dormira com a Vera Fischer e acordara com a Luiza Erundina.

Em verdade, eu nem podia reclamar, afinal há quem diga, e eu concordo, que a maior das perversões sexuais é a abstinência.


Onaireves, Onairves...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Menina Difícil...




A feiura atinge magnitude tal que ao invés de espantar, encanta! Um dia ainda escrevo uma tese sobre o assunto, e o meu objeto de estudo está bem perto: trabalha comigo.
Zé Mofado é o homem vivo mais feio que eu já vi na minha frente, mas valendo-se da afirmativa acima, ele também e um dos maiores pegadores de mulher, ou como se diz aqui no Nordeste, raparigueiro, desmantelado e bonequeiro que conheço.
Ontem, pra provar sua capacidade, ele chegou à minha mesa no meio do expediente e disse que tinha uma figura com quem ele não saía há uns seis meses, nem falara mais com a peça; ele sacou o celular,discou um número e botou no viva-voz. Eu não perdi tempo e gravei a ligação na íntegra. Confesso que foram 20 segundos emocionantes, quase chorei... de rir:

- Alô!
- Oi, menina! Como tá?
- Bem... Quem é vivo aparece, hein?
- Tem um tempinho pra sair com um velho amigo não?
- Sei lá, ando muito ocupada...
- Que horas passo pra te pegar?
- Nove e meia...


Onaireves, Onaireves...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Presença de Espírito




Véspera de eleição, o País estava prestes a eleger, pro nosso desespero, o Sr.Collor de Melo. Eu pra variar estava na casa da namorada e por volta das dez da noite, apliquei um golpe pra poder dar uma escapada. Sentados no sofá, eu simulei um cochilo sobre os ombros dela. Ela me acordou e perguntou – Você está cansado? – Nããããããããããão, respondi com um longo bocejo. – Vai trabalhar amanhã? - Às seis da manhã, bocejando de novo. – Vai descansar, amor... vai! – ela com pena. – Nãããããããããããão, com outro bocejo maior que o anterior. Aí, ela insiste, insiste e eu supostamente contra a vontade vou embora. Golpe perfeito.

Livre, antes de chegar em casa, ligo pra um amigo e pergunto onde vai ser a cachaça. Passo na casa dele e juntos vamos tomar uma num bairro distante. Chegamos num bar com música ao vivo, tomamos uma meia dúzia de cervas e olhávamos a mulherada, quando de repente uma garota me agarrou pelas costas. – Meu amor, disse ela toda disposta. Me dei bem! Pensei. A cidadã estava com uma amiga e tudo estava prefeito. Eu e meu amigo ela e uma amiga, ia rolar...

Tomamos todas, dançamos e lá pelas tantas a banda que tocava cover da Kaoma (aquela de lambadas – lembra?) anunciou: - Vamos parar o show, hoje é lei seca, foi bom estar aqui, Tchau! A música parou e a gente começou a se coçar pra levar as garotas pra algum lugar. Eu e meu amigo confabulamos por um momento e ele disse que a amiga não estava muito afim de jogo e não poderíamos arrastá-las direto pra um motel. Elas foram ao banheiro e do nada resolveram trocar de parceiros. A minha paquera agarrou-se com meu amigo e a amiga dela se jogou pro meu lado. Tudo bem, afinal aquela altura do campeonato, três da manhã e uma caixa de cervejas depois, quem vai ligar pra quem vai comer, desde que fosse mulher. – Um luau! Vamos fazer um luau! Gritava meu amigo, tendo a melhor idéia da noite. – Você pega o seu violão e a gente leva as gatas à praia, tocas umas músicas, tomamos umas cachaças e de lá a gente arrasta direto pro motel. – Grande idéia, respondi sem saber o que me esperava.

Assim fomos nós quatro, passamos na minha casa. Além do violão, apanhei também uma garrafa de batida de mamão com cachaça de cabeça pra apimentar mais a noite. Chegamos na praia e a serenata começou. Umas músicas do Djavan, umas duas do Caetano e o mulheril tava no papo. Meu amigo se agarrou e arrastou uma delas pra trás de umas pedras na praia. Eu também abandonei o violão e comecei o ritual do acasalamento.

Enquanto eu desabotoava a blusa dela ela parou e começou a me contar uma história. – Sabia que minha avó tinha um centro de macumba. Disse ela, olhando fixo no mar. Eu não tava nem aí, só me interessavam aqueles mamilos pontiagudos que eu via por baixo da blusa. Eu estou proibida de vir à praia. Eu não raspei a cabeça pro santo e ele me proibiu de vir à praia. – Repetia ela, com olhar fixo no mar. Eu preocupado com o sexo, nem ligava. De repente quando eu conseguia chegar ao meu objetivo e tinha em minhas mãos os seios dela, ela se levanta num solavanco e sai andando em direção ao mar, repetindo: - Eu vou pro mar! Eu vou pro mar! Ela falava com uma voz grossa e rouca quase incompreensível. Levei um susto enorme, mas achei que ela estava brincando: - Para volta pra cá, deixa o mar pra lá. – Eu vou pro mar!A voz rouca repetia. A esta altura eu tremia dos pés a cabeça de medo e tentava impedi-la de entrar na água. – Eu vou pro mar, – Eu vou pro mar, – Eu vou pro mar. Ela ia pro mar e eu me desesperava. Parei em frente a ela e na tentativa desesperada de deter o avanço dei uma bofetada de mão aberta. Ela caiu, levantou, olhou fixo pro mar e repetiu sem se abalar: – Eu vou pro mar. Segurei a moça, ou a esta ocasião a entidade, pela cintura e ela bem mais magra que eu, me arrastou uns quatro passos. Meu amigo que assistia tudo ao longe disse pra amiga: - tua amiga é chegada numas tapinhas, numa brincadeirinha de perseguição, safadinha hein? O mui amigo não percebia o meu sufoco, até que a amiga disse: acho que ele ta te chamando, tem alguma coisa estranha, ela ta batendo muito nela! A amiga começou a chorar, achando que estava espancando a outra menina e meu amigo correu em meu socorro: - que foi cara tá doido? : - Baixou um santo nesta filha da puta, respondi. Ela repetiu a frase: – Eu vou pro mar. Eu, sem saber o que fazer, dei a bofetada derradeira. Ela desmaiou, a amiga chorava me agredia, perguntava se havia enlouquecido e explicava que a outra era médium e de vez em quando recebia uns santos na rua. Era tarde demais.

Eu, revoltado com o acontecido disse ao meu amigo: - leve elas pra casa que eu vou ficar por aqui e não quero ouvir nenhuma palavra, se não a porrada vai comer!

Na volta ele dirigindo o carro quieto com ar de riso, parou na porta da minha casa, esperou que eu saísse do carro e gritou: - Porra! Faltou presença de espírito em você, se fosse eu faria um ménage-à-trois. Ah! Ah!Ah!

Até hoje tenho trauma de eleição, cachaça de cabeça, luau, macumba e transa na praia.



Onaireves, Onaireves...

O início


Olá,

É com grande prazer que damos início às atividades do nosso blog, falo no plural porque apesar do fato de que todas as postagens que virão aparecerem com a assinatura do nosso Onaireves, as histórias são fruto da colaboração de várias pessoas: as que viveram as histórias, as que só contaram ou que as escreveram e me enviaram. Gostaria de agradecer em especial aos anônimos dos quais escuto as conversas na rua (essa minha mania feia me rende boas histórias). O que sei é que tenho muitas histórias pra contar e criar o blog é como um desabafo que dá vazão a essa imensa vontade que tenho de dividir momentos "diferentes" com vocês.
Os personagens que aparecerem em situações difíceis e/ou comprometedoras tiveram seus nomes devidamente alterados, outros poderão aparecer com seus nomes reais, o que espero que seja encarado como uma homenagem.
Uma coisa é certa: todas as histórias postadas serão verídicas, por mais absurdas que sejam. Assim sendo, se algúem se identificar com alguma história e se sentir mal com a situação é só postar um comentário expondo seu descontentamento e o pedido de desculpas em forma de exclusão do post será rápido.


Sem mais conversa mole, vamos começar!
Espero que gostem!

Onaireves, Onaireves...