Morávamos em uma republica, seis jovens bem empregados cuja única responsabilidade era curar a ressaca para beber novamente.
Neste quadro começa a nossa aventura quase, eu disse quase, sexual. Estávamos todos em férias. Dois de nós haviam viajado para o Rio, um viajaria naquela fatídica noite e eu e mais dois viajaríamos em mais dois dias. Saímos para deixar nosso amigo no aeroporto e antes resolvemos fazer um citytour por todos os bares da região metropolitana de Recife.
Depois de visitar alguns bares, fomos ao aeroporto e no caminho deu-se um fato inusitado. Nosso carro, digo nosso porque ele pertencia aos seis integrantes da república – dos quais quatro mal sabiam dirigir - era um Passat ano 1976 (ou coisa assim), aquele modelo com farol redondo. Bem , o fato é que o Passat, carinhosamente chamado de Dragmaster por causa de sua aparência ferruginosa, possuía apenas duas marchas – uma para a frente e outra para trás. Paramos no sinal e ao nosso lado encostou uma D-20, o que havia de melhor na época, que com uma pisada no acelerador fez tremer o Dragmaster. Nosso piloto não se intimidou, acelerou o mais forte que pode o velho motor do Passat que fez uma subir gigantesca nuvem preta com uma mistura de óleo e combustível. O sinal abriu, nós arrancamos e inacreditavelmente chegamos ao outro sinal, 500 metros à frente, junto com a D-20. Àquela altura, o motorista da caminhonete estava furioso. Como poderia aquele Passat velho e enferrujado ganhar do melhor motor da categoria? Em nova tentativa, aceleramos nós e a D-20, o sinal abriu nosso piloto acelerou fundo, sacudiu violentamente o câmbio bêbado do Dragmaster, escolheu a marcha e nós partimos a toda velocidade que o velho Passat poderia desenvolver, com apenas uma ressalva, saímos de ré!
Refeitos do susto, deixamos nosso amigo no embarque e voltamos à nossa epopéia etílica. Depois de muito bebereh alguém teve a maravilhosa idéia: - Vamos pra uma termas ver umas putas – disse um dos bêbados. – Vamos! - responderam os outros bêbados. E assim fomos, três bêbados e um objetivo: uma noitada de sacanagem com as putas da termas.
Sem saber onde havia uma termas, paramos num posto e fomos instruídos pelo frentista a seguir em frente e observar um prédio branco em frente ao banco 24 horas. Ali era o local da orgia. Chegamos ao local, escondemos o Dragmaster no estacionamento, subimos uma escadaria e logo estávamos às portas da termas. O nome do lugar era “Apolo”. Achamos de extremo mal gosto, mas o que interessava naquele momento eram as mulheres e a sacanagem.
Fomos atendidos por uma bichinha trajando uma mini-blusa e um shortinho de lycra todo enfiado na bunda. Fomos ao local apropriado, trocamos de roupa e vestimos umas toalhas. Pedimos uma carteira de cigarro (o detalhe é que ninguém fumava, mas havia uma teoria de que o cigarro atrairia as putas) e três doses de uísque. Enquanto trocávamos de roupa, um de nós observou uma fila que se formara no banco 24 horas e no mais irreverente espírito de bêbado começou a gritar para as pessoas da fila: Aê, Aê galera, daqui a pouco vou comer gente! Vou me dar bem! Vai ser a maior sacanagem.... – Gritava isso e outras barbaridades. O pessoal da fila olhava aquilo espantado e sem entender. Três jovens, de toalha, bebendo e fumando, em cima de uma placa “Apolo” e gritando para a rua.
Dentro da termas, procurávamos a mulherada e nada. Toda vez que encontrávamos a bichinha , nosso mais afoito amigo esfregava freneticamente as mão e perguntava: - Chefe, cadê a meninada? – Tá por aí amor, procure. Respondia o atendente. E nós procurávamos. Entramos em um corredor com várias portas, todas com umas luzes vermelhas acesas. – Porra, as putas tão tudo ocupadas! Reclamou um dos bêbados. – Porra nenhuma, lavou tá novo. E concordamos em procurar alguma desocupada.
Entramos na sauna seca, nada de mulheres e ainda por cima lotada de marmanjos todos de toalhinha e olhando pra gente, não bastasse o calor infernal e o cheiro forte de eucalipto. Eu que nunca havia estado numa sauna me sentira dentro de uma garrafa de pinho-sol. O Próximo passo foi a sauna à vapor. A mesma garrafa de pinho-sol, o mesmo calor infernal, um vapor sufocante e a mesma marmanjada olhando pra gente. Não havia jeito, andávamos e nada de mulher. Meu amigo esfregava as mãos e dizia pra bichinha: - Chefe cadê a meninada? A resposta já conhecíamos: - Procurem, estão por aí... Descemos uma escada giratória e chegamos a um “american bar” todo em veludo vermelho, absolutamente escuro e com apenas uma luz negra acesa sobre o balcão. Rodeando os cantos do bar, havia uns sofás de dois lugares também em veludo, que julgamos ser um local de abate e sacanagem. Só havia um problema, nada de mulher.
Já exaustos de tanto andar, procuramos a bichinha para saber de fato onde estavam as mulheres da sauna. Ele, ou ela, nos recebeu com a seguinte pergunta: - Mulher? Isso aqui é uma sauna GAY, meus amores!
Até hoje esta frase ecoa nos meus ouvidos: "Isso é uma sauna GAY, meus amores". Realmente esta primeira vez não dá para esquecer.
Onaireves, Onaireves...